Do ponto de vista do património edificado, para além de tudo quanto ficou dito antes, haverá que referir ainda, as ermidas de Santa Luzia, Santa Ana e Nossa Senhora do Pilar, os belos solares da Fonte da Pipa e da Quinta do Rosal, convento do Espírito Santo, a igreja das Portas do Céu, o palácio Gama Lobo, o belo edifício dos Paços do Concelho, o conjunto edificado do Largo da Matriz, o Mercado Municipal, o Cine Teatro Louletano, o Coreto, as fontes do Cadoiço e da Cássima e a velha ponte dos Álamos. Com toda esta riqueza patrimonial, é caso para nos interrogarmos, como seria esta freguesia antes da enorme destruição provocada pelo terramoto de 1755 e que a destruiu em grande parte. Uma palavra para referir quanto é importante, para a preservação de todo este património e de todas as pequenas grandes coisas que fazem geralmente parte integrante da identidade histórica e cultural de Loulé, a acção do Museu Municipal de Loulé. Situado em pleno Centro Histórico e como estratégia de revitalização desse espaço, instalaram-se na Alcaidaria do Castelo as salas de exposição e na antiga Capela do Convento do Espírito Santo o depósito e o laboratório. As colecções patentes vão da arqueologia, à documentação histórica, à etnografia e à arqueologia industrial.

Loulé caiu nas mãos de D. paio Peres Correia e dos Cristão no dia 23 de Novembro de 1249. Era dia de S. Clemente. Esta Freguesia prolonga no tempo a parte cristã e portuguesa da história de Loulé, mas não esquece e até procura reavivar cada vez mais, as memórias do período árabe, empenhando-se em fazer luz sobre esse passado anterior do século XIII, e do qual se sabe ser extremamente rico do ponto de vista literário, artístico e filosófico. A população de S. Clemente só tem a ganhar com um maior conhecimento e com a melhor e mais cuidada preservação do seu rico património, os seus mais diversos aspectos, arqueológico, etnográfico e arquitectónico. Quanto mais e melhor forem conhecidos pelo que somos e fomos, mais respeitados e visitados seremos. “O Carnaval em Loulé, é uma das tradições mais fortes e enraizadas. Foi sempre festejado, mas em 1906, houve a ideia de fazer um carnaval “civilizado “, ao jeito de espectáculo público para que as receitas beneficiassem os mais necessitados. A partir de 1926, a Santa Casa da Misericórdia encarregou-se da festa em benefício do hospital. Desde 1977 que compete à C. M. de Loulé a respectiva organização. ” “Uma das mais interessantes tradições de Loulé concretiza-se pelos festas o Nosso Senhora do Piedade. Já vão longe os tempos em que se fazia o peditório de porta em porta para retribuir o caçador que tivesse apanhado uma raposa ou ginet, ou o tempo em que as raparigas estreavam roupa nova pelas alturas das festas, mas ainda assim, as festas à Senhora da Piedade pela Páscoa, são um momento alto de vivência em Loulé”

Mina de Sal de Gema

A mina de sal gema, localizada em Loulé surgiu aquando da mutação geológica que resultou na separação entre a Europa e África, que criou o Mar Mediterrânico, há 250 milhões de anos, ainda antes da era Jurássica. A cobertura de uma enorme massa de água salgada pela terra num período relativamente curto resultou no enorme torrão de pelo menos um quilómetro de profundidade que hoje se estende a Leste de Loulé e não se sabe onde acaba. Há quem diga que ramos dessa linha de sal poderão atingir as proximidades de Barcelona, onde há uma jazida semelhante. Com início 90 metros abaixo da superfície – após uma camada de calcário (1 aos 45 metros), seguida de uma camada de argila (camada impermeável) e outra de gesso entre os (45 os 90 metros) -, a mina já foi explorada até aos 313 metros de profundidade, mas as enormes galerias feitas pelo homem situam-se em dois níveis, a 230 e 260 metros de profundidade. A primeira galeria situa-se 64 metros abaixo do nível do mar. Antes realizada a poder de dinamite e martelos pneumáticos, actualmente, a extracção de sal é feita com uma máquina de roçadeira a que os trabalhadores chamam “roçadora”. Após esse trabalho, os camiões que circulam no interior das galerias (algumas maiores do que um túnel rodoviário comum) levam os blocos de salgema de maior dimensão a uma máquina “britador” que os desfaz e o leva ao poço de transporte de material, até à superfície. Uma parte significativa da produção é exportada, (Austria, Alemnaha, Suiça) onde é utilizado sobretudo para o de descongelamento das estradas europeias durante o inverno. Uma outra parte na fabrica da CUF em Esterreja é processado para o fabrico de ácido cloridico e adubos.A mina foi descoberta há meio século, nos anos 1960, graças a um furo realizado numa propriedade em Campinas de Cima,do qual brotou água salgada.

Actualmente e depois de décadas de aumento na sua produção, a mina louletana está a diminuir a sua produção, contudo, a empresa que procede à sua exploração pretende inserir a mina no roteiro turístico da região algarvia. O sal proveniente da extracção é mais “salgado” que o utilizado nas cozinhas e não serve para alimentação humana. Para poder ser utilizado na alimentação humana, é misturada com a àgua do mar nas salinas, originando a saturação de concentração na água do mar, reduzindo o tempo de produção e aumentado a produtividade. Por este processo é purificado e já pode ser utilizado na alimentação humana. Para as novas tarefas “terciárias”, terão que ser instalados no subsolo, entre 230 e 260 metros de profundidade, equipamentos como uma secção multimédia em que se explique aos visitantes o que é e para que serve a mina. Poderão ainda vir a ser construídas outras infra-estruturas como um restaurante, zonas de vendas baseadas nas pedras de sal (da pedra de sal gema podem ser feitos candeeiros, esculturas e pisa-papéis, por exemplo), além de terem que ser abertos novos poços para instalar elevadores, que substituam as “gaiolas” por onde agora descem e sobem os trabalhadores.

Igreja Matriz de São Clemente

A Igreja de São Clemente situa-se frente ao Jardim dos Amuados, e foi edificada sobre o local de uma antiga mesquita. Originária do século XIII, apresenta características arqueológicas góticas. Como muitas construções da época, sofreu alterações posteriores, nomeadamente nos séculos XVI e XVIII. Na fachada principal, destaca-se o portal com arco ogival e, lateralmente, é visível uma porta gótica. A torre sineira foi adaptada a partir do antigo minarete árabe, apresentando decorações barrocas. O interior é constituído por três naves separadas por arcos ogivais. O altar-mor, com retábulo em talha dourada, está decorado com imagens do século XVIII. Nas várias capelas laterais, destacam-se as de Nossa Senhora da Consolação, pelo seu lindíssimo revestimento de azulejos, e a Capela das Almas, do século XVII. Merece ainda uma referência particular a Capela de São Brás, com o seu arco construído no século XVI e uma valiosa imagem do patrono, do mesmo século.